O que é o Ouvido de Surfista?

Ouvido de Surfista: os tampões de silicone são a melhor protecção contra a exostose | Foto: Surf Ears

Ao longo da vida, praticamente todos os surfistas desenvolvem o designado “Ouvido de Surfista,” também conhecido cientificamente por exostose. Mas, aqueles que não usam a devida protecção, vão mais tarde ou mais cedo, necessitar de passar por uma intervenção cirúrgica.

O Ouvido de Surfista é o resultado do crescimento benigno anormal de um osso situado por baixo da pele do canal auditivo do ouvido externo.

A condição afecta frequentemente praticantes de desportos de água, tais como surfistas, bodyboarders, windsurfistas, kitesurfistas, nadadores, mergulhadores, caicaquistas, velejadores, etc.

Todos aqueles que vive ou praticam actividades de ar livre, e que estejam em contacto com a água, vento e ambientes frios são susceptíveis de desenvolver esta patologia.

O Ouvido de Surfista torna-se um problema mais agudo e severo à medida que o tempo passa, especialmente quando os praticantes dos desporto acima mencionados atingem os 30 e 40 anos de idade.

É o caso de surfistas destas idades que estejam regularmente no mar há mais de uma década e que não usam uma protecção específica nos ouvidos – tampões, por exemplo – durante a prática desportiva.

O Ouvido de Surfista é uma condição irreversível e só pode ser tratado e resolvido através de uma intervenção cirúrgica altamente técnica e, por vezes, dolorosa.

Quando os ouvidos ficam expostos a águas e ventos frios por um longo período de tempo, o nosso corpo procura defender o sistema auditivo das baixas temperaturas através do desenvolvimento de uma linha de defesa ou tecido rígido.

Nos casos mais extremos, a nova cartilagem chega a fechar completamente o canal auditivo, originando infecções – como a otite, por exemplo – acufeno (ou zumbido), e até mesmo perda de audição.

Cerca de 50 por cento dos surfistas desenvolve um grau de exostose ligeira, isto é, quando pequenos caroços ósseos bloqueiam até um terço do canal auditivo.

Depois, há o Ouvido de Surfista moderado (entre 33 e 66 por cento de bloqueio) e o grau severo de exostose quando a barreira óssea atinge 75 por cento ou mais.

Com três quartos (ou mais) de bloqueio, aconselha-se a operação de remoção da cartilagem, uma vez que a quantidade de espaço aberto é insuficiente para permitir a entrada do ar e do som.

Simultaneamente, a cera e a água ficam cada vez mais presas no interior do ouvido, aumentando gradualmente a barreira entre o interior e o exterior.

Exostose: a cartilagem que cresce para se proteger do frio

 

Ouvido de Surfista: Cirurgia e Prevenção

O Ouvido de Surfista é um crescimento anormal e silencioso de osso à entrada do ouvido que causa poucos sintomas. Inicialmente, não há nem dor, nem sangramento.

Contudo, numa questão de meses, tudo pode alterar-se, e começará a sentir perda de audição, e algum desconforto nos ouvidos.

Se isso acontecer, contacte um otorrinolaringologista de referência quanto antes e adquira um par de tampões de silicone, caso pretenda continuar a surfar.

Deve usar protecções auditivas sempre que tomar banha no chuveiro, em todas as sessões de surf, seja no verão ou no inverno.

Se o seu médico especialista aconselhá-lo a avançar para a cirurgia, não pense duas vezes. Faça-o. O cirurgião irá remover a obstrucção perfurando a cartilagem indesejada, sendo que tudo é feito sob anestesia geral.

O processo de recuperação implica a ausência de qualquer prática desportiva num prazo de entre quatro semanas e três meses, dependendo da evolução do paciente.

Os banhos são também limitados, e a região da cabeça junto ao ouvido terá que ser protegida de qualquer gota de água.

Os primeiro sinais de exostose surgem em surfistas com cinco anos de envolvimento em desportos de água.

Aqueles que vivem em zonas com temperaturas de água abaixo dos 15.5°C têm 2.6 mais probabilidades de desenvolver o Ouvido de Surfista do que os que habitam em regiões com água mais amena.

Curiosamente, o ouvido mais sacrificado é sempre aquele que está mais exposto ao vento dominante numa dada região.

Por exemplo, se estiver a surfar em Portugal, sentado na prancha à espera das ondas, o seu ouvido mais exposto será o direito, uma vez que sofrerá mais as agruras do vento norte.

Para terminar: lembre-se de proteger os seus ouvidos com um gorro de neoprene e tampões de surf de alta qualidade – quanto mais frio fica, mais rapidamente desenvolverá o Ouvido de Surfista.

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